Qualquer mudança, por si só, tende a gerar receio nas organizações. Quando falamos sobre transformação digital, o medo pode ser ainda maior – especialmente porque muitas informações podem ser totalmente novas para as empresas.
Mas, para que uma companhia se mantenha saudável e competitiva em seu mercado, é preciso que ela tome coragem e se coloque na dianteira da digitalização.
De um lado, existem lideranças que entendem que ter site é o ápice da transformação digital; do outro, alguns gestores que acreditam que a tecnologia está muito distante do seu universo.
Entretanto, é preciso “colocar os pés no chão” e compreender, com realismo, aquilo que compõe a chamada 4ª Revolução Industrial.
Então, nos próximos minutos, vamos conversar sobre o que é a transformação digital e de que maneira as empresas podem se preparar para o cenário que se desdobra à sua frente. Confira:
- O que é transformação digital?
- Quais os desafios da Revolução Industrial 4.0?
- Qual é a importância da transformação digital?
- Por que o negócio deve aderir à transformação digital?
- Como preparar sua empresa para a transformação digital?
Fique com a gente e descubra detalhes sobre a Revolução Industrial 4.0 e de que forma ela vem impactando os negócios.
O que é transformação digital?
Transformação digital é o processo social gerado pelo rápido avanço das tecnologias que está acontecendo nas últimas décadas.
Recursos tecnológicos disruptivos estão mudando drasticamente a maneira como nos relacionamos com o trabalho, diversão, outras pessoas e até com nós mesmos.
Como é de se esperar, a transformação digital afeta a maneira de fazer negócios e, assim, também está sendo reconhecida como a “4º Revolução Industrial”.
Da mesma maneira que as revoluções anteriores, a atual mudança afeta não somente os recursos necessários ao trabalho, mas também o modo como as pessoas trabalham e como as empresas atuam no mercado.
Nos anos 1990, se uma pessoa quisesse dar uma volta pelo parque ouvindo música, precisaria de um rádio portátil, walkman (que tocava fita cassete) ou um discman (que tocava CDs) com algumas dezenas de faixas.
Na década seguinte, o mesmo consumidor poderia levar consigo um iPod ou outros dispositivos móveis de música com centenas de arquivos digitais no formato MP3.
Nos anos 2010, o streaming de música se tornou uma realidade e, então, os amantes de música podiam ouvir sua playlist direto no smartphone, com milhões de faixas.
Em pouco tempo, toda a cadeia musical foi fortemente impactada em relação aos dispositivos de consumo e, também, no que diz respeito à maneira como os clientes lidavam com a disponibilidade de opções.
A transformação digital no setor da música é apenas um exemplo de como as mudanças têm sido rápidas e profundas em relação à tecnologia e à forma como as pessoas se relacionam com ela.
Nesse sentido, ter um site ou fazer publicações em redes sociais pode ser, sim, considerado a atuação da empresa na 4ª Revolução Industrial.
Entretanto, é preciso entender que a transformação digital precisa estar na cultura organizacional, levando-a a inovações tecnológicas e comportamentais que façam sentido ao negócio.
Quais os desafios da Revolução Industrial 4.0?
Segundo levantamento realizado pela consultoria de tecnologia McKinsey, dois a cada três brasileiros estão na internet. Mesmo em um mercado com mais de 120 milhões de pessoas, 8 em cada 10 empresas estão apenas nos estágios iniciais de maturidade digital.
Então, existe um longo caminho a ser percorrido pelas organizações do país para a plena utilização da internet em seu benefício.
Em tecnologias mais complexas, a defasagem da economia brasileira é ainda maior.
A Internet das Coisas (IoT), que conecta aparelhos eletrônicos, é um mercado global de 1,1 trilhão de dólares, segundo estimativa da pesquisadora Statista. No Brasil, 57% das empresas entrevistadas no IoT Snapshot afirmaram que estão em processo de implementação do IoT.
Entretanto, o país ainda trava em um recurso fundamental para o funcionamento da tecnologia: a internet 5G. A conexão ultraveloz começou a funcionar no país somente em 2022 e ainda está “engatinhando” na distribuição pelo território nacional.
A Inteligência Artificial (IA), com máquinas inteligentes, movimenta 327,7 bilhões de dólares no planeta, conforme outro apontamento realizado pela Statista.
Em relação ao desenvolvimento de tecnologias de IA, o Brasil está na 39ª posição em uma lista com 62 países, como noticiou o Insper. Entre alguns motivos para a avaliação ruim, estão a pouca disponibilidade de profissionais, de pesquisa acadêmica, de investimento privado e polícias públicas.
Esses são apenas alguns exemplos dos entraves que o mercado brasileiro enfrenta em relação à transformação digital. Assim, aspectos técnicos e humanos dificultam o avanço das organizações na Revolução Industrial 4.0.
Além disso, Walter Longo, empreendedor digital, palestrante internacional e sócio-diretor da Unimark Comunicação, afirma que existem outros grandes desafios que precisam ser enfrentados, são eles:
- democratização do conhecimento: o entendimento de como aproveitar a farta disponibilidade de conteúdo na sociedade;
- mudanças brutais no marketing: partindo da comunicação massiva em direção ao diálogo;
- urgência de empresas ágeis: velocidade cada vez mais alta para validação de ideias.
Qual é a importância da transformação digital?
A 4ª Revolução Industrial traz um conjunto de mudanças de profundo impacto sobre a sociedade como um todo.
A pandemia do coronavírus, que teve início em 2020, escancarou as transformações geradas pela tecnologia nos últimos anos. O isolamento social, necessário ao controle da doença, alterou a rotina de empresas ao redor do mundo.
Muitas delas aderiram ao home office como modelo temporário de trabalho e, mesmo após o afrouxamento das medidas, mantiveram o modelo remoto. De acordo com estudo da McKinsey, a pandemia acelerou, em vários anos, a adoção de tecnologias digitais.
Esse cenário seria inimaginável há 15 ou até há 10 anos, não é verdade? Massas de trabalhadores executando as suas tarefas de casa ou de qualquer lugar do planeta pareceria história de ficção científica há bem pouco tempo.
Mas a rápida evolução tecnológica, especialmente nas áreas de comunicação e produtividade, tornou possíveis conceitos como a Open Talent Economy – “economia aberta de talentos” –, na qual freelancers atendem profissionalmente diferentes projetos ao mesmo tempo.
Dessa forma, investimentos em transformação digital colaboram para que as empresas estejam inteiradas no assunto. Mais do que isso, organizações inovadoras e disruptivas mantêm a dianteira das mudanças, tornando-se líderes de mercado e exemplos a ser observados pela sociedade.
Além disso, a 4ª Revolução Industrial também é capaz de proporcionar benefícios significativos à rotina organizacional e aos seus resultados. Nelson Silva, Diretor Executivo de estratégia, organização e sistema de gestão da Petrobras, afirma que a transformação digital pode gerar:
- ganhos no aumento da segurança operacional e integridade de ativos;
- redução do investimento e do custo operacional;
- aumento da produtividade, da conformidade e da transparência dos processos administrativos.
Por que o negócio deve aderir à transformação digital?
Talvez uma resposta objetiva a essa questão possa ser um tanto quanto dura de ler: se a sua empresa não está se adaptando à transformação digital, bem provavelmente os seus concorrentes o estão fazendo neste exato momento.
Investir em tecnologia e ter uma cultura inovadora não se trata mais de uma vantagem competitiva no mercado. É preciso aderir ao novo ritmo da economia e trazer a Revolução Industrial 4.0 porta adentro da companhia.
Recente levantamento apontou que as organizações estão fazendo investimentos digitais e tecnológicos em todo o modelo de negócios a fim de atender às novas demandas do mercado.
Isto é, a tecnologia não é mais vista apenas como fator relacionado à operacionalização organizacional e ao custo. Trata-se, agora, de um elemento estratégico para a manutenção e o desenvolvimento dos negócios.
Ainda segundo o estudo, “as empresas de melhor desempenho fizeram investimentos mais ousados em tecnologia e possuem capacidades gerais mais fortes” (tradução livre).
Nesse sentido, empresas que querem se manter competitivas no mercado precisam se inserir na Revolução Industrial 4.0.
Como preparar sua empresa para a transformação digital?
Para o Diretor Executivo da Petrobras, empresas que querem aderir à nova era devem passar por 2 fases.
Em um primeiro momento, Nelson aponta que é importante entender que o cenário de transformação “traz vulnerabilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, ao mesmo tempo em que é inexorável”.
Portanto, os líderes precisam aceitar a instabilidade do chamado “Mundo VUCA” e encontrar maneiras para lidar com ela.
Silva diz que, em seguida, deve-se orientar pessoas e oferecer as condições para que a transformação digital aconteça nas empresas.
Para isso, ele recomenda a apresentação de “uma visão clara, de cultura de aceitação das alterações com naturalidade e com a captura das oportunidades trazidas por elas”.
A consultoria McKinsey foi em busca de respostas sobre o que gera sucesso às empresas que se adequaram à Revolução Industrial 4.0. Como resultado, encontrou 5 ações, que são:
- concentre-se em um conjunto claro de objetivos;
- seja ousado na definição de escopos;
- crie um design adaptável;
- adote abordagens e mentalidades ágeis;
- exerça uma liderança transparente e ativa.
Veja, a seguir, como preparar sua empresa para a transformação digital.
Concentre-se em um conjunto claro de objetivos
Existem diversos caminhos para seguir na transformação digital; são muitas tecnologias e variadas possibilidades de inovação. Em meio a tantas opções, é preciso ser criterioso e se decidir por aquilo que faz mais sentido para o negócio.
A presença digital e um posicionamento profissional na internet fazem parte das demandas de muitos negócios. Entretanto, cabe se perguntar quais são os canais e as táticas de marketing digital mais apropriados para cada empresa.
Loja virtuais e divulgação em redes sociais podem ser urgentes para muitos varejistas. Já organizações B2B e prestadores de serviços talvez se beneficiem mais com a construção de sites institucionais e produção de conteúdo.
Dessa forma, respeite a particularidade do negócio e entenda como ele pode se beneficiar da transformação digital e se manter competitivo no mercado.
Seja ousado na definição de escopos
Segundo outro estudo da consultoria:
“Estratégias digitais ousadas e fortemente integradas serão o maior diferencial entre as empresas que ganham e as empresas que não ganham, e os maiores pagamentos irão para aquelas que iniciam interrupções digitais”.
O levantamento apontou, ainda, que cerca de metade das empresas que estão na liderança em crescimento de receita, crescimento do lucro operacional e retorno sobre o investimento digital investem mais em digital do que os seus concorrentes.
Assim, para ter resultados fortes na Revolução Industrial 4.0, é preciso ter ousadia e aplicar força na transformação digital.
Crie um design adaptável
Em um ambiente de mudanças frequentes e de forte impacto, as organizações devem se preparar para alterações constantes.
À McKinsey, os entrevistados com sucesso nesse cenário relataram serem propensos a fazer ajustes mensais dos seus planos estratégicos. Portanto, é preciso abraçar a flexibilidade e torná-la parte da cultura organizacional.
Adote abordagens e mentalidades ágeis
Agilidade nas empresas está relacionada, entre outros fatores, à rápida tomada de decisão. Com tantos elementos se alterando ao mesmo tempo e que precisam ser analisados, lideranças e suas equipes devem ser ágeis ao se decidirem.
Para que isso aconteça, o investimento em talentos é fundamental. O estudo da consultoria chegou à informação de que as empresas de sucesso nessa era “contrataram novos funcionários com fortes capacidades digitais e analíticas durante suas transformações”.
Exerça uma liderança transparente e ativa
Por fim, empresas que se mostram bem-sucedidas na atual fase da Revolução Industrial são guiadas por gestores claros em relação ao desenvolvimento das tecnologias e inovações.
Eles se comunicam com seus times e informam com regularidade o progresso de suas transformações.
Além disso, a pesquisa aponta que os líderes dessas empresas “colocam a mão na massa”, envolvendo-se materialmente nos esforços.
Podemos fechar o conteúdo com as palavras do Diretor Executivo da Petrobras, Nelson Silva, que resumem o assunto:
“A verdadeira transformação digital é uma jornada de mudanças que começa por criar uma organização de alto desempenho em inovação, que promove e se adapta rapidamente a mudanças, sem medo de ousar.
Trata-se de criar condições para a transformação da cultura, da maneira de fazer as coisas, provocada pelas tecnologias digitais”.
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